A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, usou suas redes sociais nesta segunda (7) pra mandar uma resposta atravessada ao ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump. Ele, como de costume, resolveu meter o bedelho onde não foi chamado e saiu em defesa de Jair Bolsonaro, que segue enfrentando vários problemas com a Justiça brasileira.
Gleisi, que é uma das principais figuras do PT e bastante ativa online, não deixou barato. Disse que, ao contrário do que Trump pensa, o Brasil de hoje não é mais submisso como era no governo Bolsonaro. “O tempo em que o Brasil foi subserviente aos EUA foi o tempo de Bolsonaro, que batia continência pra bandeira deles e não defendia os interesses nacionais”, escreveu ela, num tom direto e sem rodeios. A ministra ainda emendou que Bolsonaro hoje responde por crimes contra a democracia e pelo que fez nas eleições.
Numa outra parte da mensagem, Gleisi chama Trump de “muito equivocado”, o que já dá o tom da bronca. Ela também aconselhou o norte-americano a “respeitar a soberania brasileira e do Judiciário” e, de quebra, mandou ele cuidar “dos seus próprios problemas, que não são poucos”. E não é mentira. Trump tá envolvido em dezenas de processos lá nos EUA e pode até ser impedido de concorrer nas eleições de novo. Já pensou?
Tudo isso começou porque Trump publicou um texto na rede dele, a Truth Social — uma espécie de Twitter pra seus apoiadores — dizendo que o Brasil estaria tratando Bolsonaro de forma injusta. Segundo ele, o ex-presidente brasileiro é vítima de uma perseguição que já dura anos. “Ele não é culpado de nada, exceto por ter lutado pelo povo”, escreveu Trump. Ele ainda chamou Bolsonaro de “líder forte” e um “negociador duro em comércio”.
Só que a realidade é outra. Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF), acusado de envolvimento numa suposta tentativa de golpe após perder as eleições de 2022. Além disso, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) já decidiu que ele tá inelegível por 8 anos, ou seja, não pode se candidatar a nenhum cargo público até, pelo menos, 2030.
Esse novo capítulo na relação entre Brasil e Estados Unidos mostra como o bolsonarismo ainda tem apoio fora do país, especialmente de figuras controversas como Trump. Mas também escancara que o governo atual tá disposto a defender sua autonomia e a não aceitar interferência externa.
Gleisi, aliás, não é a única que tem rebatido declarações de líderes internacionais. Nos últimos meses, vários membros do governo Lula têm se posicionado contra falas vindas de fora, principalmente quando dizem respeito à soberania nacional ou à condução da Justiça brasileira. Com os olhos do mundo voltados pro Brasil — ainda mais depois dos atos de 8 de janeiro e das investigações que se seguiram —, qualquer comentário de fora pode acabar virando combustível pra debate interno.
A troca de farpas entre Trump e Gleisi também mostra como o cenário político internacional anda cada vez mais polarizado. Com eleições chegando tanto no Brasil quanto nos EUA, os discursos tendem a ficar ainda mais inflamados. E as redes sociais, como sempre, servem de palco pra essas disputas que parecem não ter fim.
No fim das contas, a mensagem é clara: o Brasil não aceita mais ser tratado como quintal dos Estados Unidos. E se Trump quiser mesmo opinar sobre política brasileira, talvez fosse bom ele começar lendo um pouco mais sobre o que tá acontecendo por aqui — ou, quem sabe, resolvendo os próprios pepinos primeiro.