Na manhã dessa segunda-feira (7), o ex-presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, voltou a causar polêmica ao usar sua plataforma Truth Social pra sair em defesa do ex-presidente brasileiro Jair Bolsonaro (PL). O republicano não poupou críticas à Justiça brasileira, dizendo que Bolsonaro estaria sendo perseguido por motivos políticos. O comentário acontece enquanto Bolsonaro é réu no Supremo Tribunal Federal (STF) acusado de participar de uma tentativa de golpe de Estado no Brasil.
Trump escreveu que o Brasil está “fazendo uma coisa terrível” com Bolsonaro, e disse que tem acompanhado “como eles vão atrás dele dia e noite, mês após mês, ano após ano”. Segundo ele, Bolsonaro não cometeu crime algum, a não ser “lutar pelo povo”. Ainda completou dizendo que conheceu Bolsonaro pessoalmente e o descreveu como “um líder forte, que amava seu país”, além de ser um “negociador duro” nas relações comerciais com os EUA.
Os crimes que pesam contra Bolsonaro são graves: ele é acusado de organizar uma suposta quadrilha armada, tentar abolir à força o Estado Democrático de Direito, tentar um golpe de Estado, e ainda causar dano ao patrimônio da União com uso de violência. Além disso, é citado por ter ajudado na deterioração de patrimônio público tombado.
O julgamento de Bolsonaro no STF deve acontecer entre agosto e setembro deste ano, após o encerramento da fase de alegações finais. Moraes, o ministro relator, deu 15 dias pras defesas dos oito acusados se manifestarem, entre eles o próprio Bolsonaro.
Trump, por sua vez, afirmou ainda que a eleição brasileira de 2022 foi “muito apertada”, e destacou que agora Bolsonaro “lidera nas pesquisas” – ainda que esteja inelegível por decisão do TSE. Em mais uma comparação com a própria história, Trump disse que também foi vítima de perseguição política nos EUA e que o que está acontecendo com Bolsonaro é uma “caça às bruxas”.
“Eu sei muito bem como é isso! Fizeram isso comigo também, várias vezes. Mas nosso país hoje é o mais ‘quente’ do mundo”, escreveu o ex-presidente. Ele alertou que o povo brasileiro “não vai tolerar o que estão fazendo” com Bolsonaro.
Não é a primeira vez que Trump demonstra apoio a líderes de direita em apuros. O ex-presidente fez movimentos parecidos em relação ao primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu. Ele disse que vai acompanhar de perto o julgamento de Bolsonaro, da sua família e dos apoiadores, afirmando que “o único julgamento que deveria existir é o dos eleitores, nas urnas”.
A tensão entre Trump e o ministro Alexandre de Moraes vem se agravando. No dia 6 de junho, a empresa Trump Media, em conjunto com a plataforma Rumble, emitiu uma nova citação contra Moraes nos EUA, acusando-o de censura e perseguição política. Os alvos dessa suposta perseguição incluiriam figuras como Eduardo Bolsonaro e o blogueiro Allan dos Santos.
A origem do embate remonta a 2024, quando Moraes ordenou a suspensão do X (antigo Twitter) no Brasil após descumprimento de ordens judiciais. Essa decisão acabou tendo efeitos fora do país, atingindo empresas e até cidadãos americanos. Como resposta, parlamentares dos EUA sugeriram aplicar sanções ao ministro com base na Lei Global Magnitsky.
No fim de maio, o senador Marco Rubio declarou que há “grande chance” de Moraes sofrer sanções internacionais. A ação movida contra ele menciona que suas decisões afetaram jornalistas, políticos, juristas e até artistas – quase todos críticos ao presidente Lula, ao STF ou ao próprio Moraes.
Agora, com a nova citação judicial, Moraes tem até 21 dias pra responder à Justiça americana. A crise, que começou com decisões judiciais no Brasil, já virou uma briga internacional, com desdobramentos cada vez mais imprevisíveis.