Polícia encontra sangue no carro de empresário achado morto em buraco de Interlagos

A morte do empresário Adalberto Amarillo Júnior, de 42 anos, virou um quebra-cabeça ainda longe de ser resolvido. O corpo dele foi encontrado numa obra dentro do Autódromo de Interlagos, em São Paulo, quatro dias depois de seu desaparecimento. O caso, cheio de lacunas, deixou até a polícia com mais perguntas do que respostas.

Tudo começou na sexta-feira, 30 de maio. Adalberto foi a um evento no autódromo. Câmeras de segurança mostram ele chegando sozinho, por volta de 12h30, de boné, camiseta preta e botas. Passou o dia por lá. À noite, encontrou um amigo e mandou uma última mensagem pra esposa às 20h30. Depois disso, sumiu. Como se tivesse evaporado.

O carro dele só foi vistoriado com mais cuidado essa semana, e aí veio a bomba: os peritos encontraram bastante sangue em quatro pontos do veículo — ao lado da porta, no chão do banco traseiro, atrás do banco do passageiro e no próprio banco de trás. A quantidade, segundo quem analisou, não era pouca coisa. Os testes confirmaram que é sangue humano, mas ainda não se sabe se é do próprio Adalberto. Um exame genético tá em andamento.

O corpo dele foi achado só na terça-feira seguinte, dia 3, por operários da obra. Estava num buraco de três metros de profundidade e cerca de 80 centímetros de largura. Uma escavação estreita, onde mal dá pra respirar. Ele tava sem calça e sem sapatos — as roupas, até agora, continuam desaparecidas. Uma calça foi encontrada por garis nesta quinta (5), perto do autódromo. Mas ainda vai passar por perícia. Uma outra calça já havia aparecido numa lixeira no dia anterior, mas a família não reconheceu como sendo dele.

O laudo preliminar do Instituto Médico Legal (IML) apontou que Adalberto morreu por compressão torácica — em outras palavras, ele foi esmagado, sem espaço pra respirar. O corpo não tinha fraturas, nem sinais evidentes de violência externa. Mas isso não quer dizer que tenha sido um acidente.

A polícia acredita que ele foi colocado no buraco já desacordado. “Ele não teria como descer ou cair ali por conta própria”, afirmou Ivalda Aleixo, diretora do Departamento de Homicídios de SP. A principal linha de investigação é homicídio.

Ricardo Ortega, diretor do Instituto de Criminalística, explicou que o local onde o corpo foi achado foi todo mapeado com drone e scanner 3D. “É uma tecnologia que registra cada detalhe do cenário do crime”, disse. Tudo foi documentado em alta precisão.

O amigo que viu Adalberto pela última vez contou à polícia que os dois consumiram maconha e beberam juntos — Adalberto teria tomado oito copos de cerveja. Segundo ele, ao se despedirem, o empresário disse que ia voltar pro carro, mas não há imagens mostrando esse trajeto.

Os legistas ainda aguardam exames toxicológicos, subungueais (análise de resíduos debaixo das unhas) e anatomopatológicos. Esses podem trazer pistas se houve luta ou se ele foi drogado, por exemplo. Mas, por enquanto, nenhum prazo foi dado pros laudos.

O caso de Adalberto acontece num momento em que a segurança em grandes eventos e locais públicos tem sido cada vez mais questionada. Afinal, como é que um homem desaparece numa área teoricamente segura, com vigilância e câmeras por todo lado, e só é encontrado dias depois, sem que ninguém tenha notado nada?

A família segue em silêncio, abalada, e os investigadores têm um desafio pela frente: entender o que de fato aconteceu naquela sexta-feira à noite. Um acidente trágico? Um crime bem planejado? O tempo vai dizer. Ou talvez nem ele.