O piloto Edenilson de Oliveira Costa, sobrevivente do trágico acidente de helicóptero em Caieiras, São Paulo, recebeu alta hospitalar na tarde de quinta-feira, 23. Ele estava internado no Hospital das Clínicas, na zona oeste da capital paulista, desde o resgate. O acidente ocorreu na noite de quinta-feira, 16, mas Edenilson e Bethina Alves Maria Feldman, de 12 anos, só foram encontrados na manhã do dia seguinte, após passarem mais de nove horas em condições extremas.
Um aniversário marcado por sobrevivência
Bethina, que completou 12 anos no mesmo dia em que foi resgatada, recebeu alta antes do piloto, na quarta-feira, 22. A menina perdeu os pais, André Feldman e Juliana Elisa Maria Feldman, no acidente. Apesar da tragédia, o gesto heroico de Edenilson garantiu a sobrevivência dela.
Segundo o tenente Maxwel de Souza, da Defesa Civil de São Paulo, Edenilson permaneceu ao lado da garota durante toda a madrugada, enfrentando chuva e o frio da mata fechada. “Ele só se afastou por alguns minutos, quando saiu para buscar ajuda. Encontrou uma empresa de reflorestamento próxima, alertou as pessoas sobre o que havia acontecido e logo voltou para ficar ao lado dela até que os socorristas chegassem”, explicou o tenente em entrevista ao Estadão.
Ações heroicas em meio ao caos
A atitude de Edenilson foi elogiada pelas equipes de resgate. “Foi um ato heroico. A aeronave caiu à noite, em um local de difícil acesso, e eles só foram resgatados pela manhã, por volta das 6 horas. Durante todo esse tempo, ele acolheu e manteve a garota em segurança. É algo que demonstra preparo e um equilíbrio emocional admirável”, destacou de Souza.
O local do acidente, conhecido como Morro do Tico-Tico, é uma área serrana, com mata densa e de acesso extremamente complicado. A chuva constante durante a madrugada tornou o resgate ainda mais desafiador. “Eles enfrentaram uma situação que colocaria qualquer pessoa à prova. Não é qualquer um que conseguiria manter a calma e tomar as decisões certas como ele fez”, afirmou o tenente.
O resgate na mata fechada
As operações de resgate envolveram um grande esforço conjunto. Equipes do Comando da Aviação da Polícia Militar, com o apoio do helicóptero Águia, traçaram um plano com base no último sinal emitido pela aeronave. Eles delimitaram um polígono para buscas aéreas e localizaram o helicóptero em uma clareira aberta pela própria queda, próximo à Rodovia dos Bandeirantes.
Simultaneamente, equipes terrestres da Defesa Civil de Caieiras, da Defesa Civil do Estado de São Paulo, do Corpo de Bombeiros, da Polícia Militar e da concessionária CCR, responsável pela rodovia, trabalharam na localização e resgate dos sobreviventes. A operação exigiu coordenação e determinação, dado o terreno acidentado e as condições climáticas adversas.
Um relato de superação
A história de Edenilson e Bethina é marcada por resiliência e coragem. O piloto, com sua experiência e frieza, garantiu que a garota permanecesse segura em meio a um cenário de total incerteza. Para muitos envolvidos na operação, o comportamento de Edenilson não foi apenas profissional, mas também profundamente humano.
Enquanto Bethina agora tenta lidar com a perda dos pais e com as marcas deixadas pelo acidente, Edenilson inicia uma nova etapa de sua recuperação física e emocional. A tragédia foi um lembrete doloroso da imprevisibilidade da vida, mas também revelou a força e a solidariedade que podem surgir em momentos de adversidade.
Reflexões e homenagens
As equipes de resgate, que trabalharam incansavelmente para localizar os sobreviventes, destacaram a complexidade da operação. “Cada membro da equipe desempenhou um papel crucial para que o resgate fosse bem-sucedido. Foi um esforço coletivo que mostrou como, mesmo nas situações mais desafiadoras, a união faz a diferença”, afirmou um dos socorristas.
Agora, o foco está na recuperação total de Edenilson e Bethina, além do apoio necessário para que ambos possam superar os traumas deixados pelo acidente. Apesar da tragédia, o desfecho trouxe uma mensagem de esperança e mostrou que, mesmo em meio às circunstâncias mais difíceis, o instinto humano de proteger e cuidar pode prevalecer.