Mais uma polêmica tomou conta da Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (11), durante uma audiência na Comissão de Finanças e Tributação. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) afirmou que foi impedido de se manifestar após declarações do ministro da Fazenda, Fernando Haddad. O episódio aconteceu em meio a um clima tenso, típico dos últimos embates entre governistas e oposição.
Segundo Nikolas, o presidente da comissão — filiado ao PT — interrompeu sua fala e não permitiu que ele tivesse o direito de resposta. “O presidente, do PT, não deixou eu continuar e não respondeu o porquê”, disse o deputado em entrevista ao portal Poder360. Visivelmente incomodado com a situação, ele continuou: “Aqui mostra, de fato, o porquê. Porque eles têm medo de um vídeo. Eles têm medo de uma fala. Por isso, não me deixaram falar. Eram 3 minutos. Agora está indo embora”.
A audiência, que deveria focar em questões técnicas e econômicas, acabou virando um palco de atritos políticos. O ministro Fernando Haddad, já durante sua fala, criticou a postura dos deputados Nikolas Ferreira e Carlos Jordy (PL-RJ), acusando-os de deixarem a audiência após fazerem perguntas, supostamente apenas para gerar conteúdo nas redes sociais. “Eles fazem micagem, gravam vídeo e vão embora antes da resposta”, disse o ministro, num tom visivelmente irritado.
A fala de Haddad gerou reação imediata entre os parlamentares da oposição, principalmente por tocar em um ponto sensível: o uso de redes sociais como ferramenta política. Nikolas, que é um dos deputados mais ativos digitalmente, disse que foi censurado por justamente tentar rebater esse tipo de acusação. “É isso, eles querem o monopólio da fala. Quando alguém resolve mostrar o outro lado, é calado”, desabafou, visivelmente frustrado.
A cena, claro, repercutiu nas redes. Em poucos minutos, o nome de Nikolas estava entre os assuntos mais comentados no X (antigo Twitter), com apoiadores e críticos travando debates acalorados. Alguns disseram que o deputado deveria manter mais postura institucional. Outros, defenderam sua tentativa de fala e apontaram para o que chamaram de “autoritarismo petista”.
Não é a primeira vez que um embate entre Nikolas e membros do governo vira notícia. Desde que assumiu o mandato, o parlamentar mineiro tem sido uma das vozes mais barulhentas da oposição, especialmente quando o assunto envolve pautas ideológicas ou críticas ao governo Lula. Por outro lado, também tem sido alvo constante de críticas por seu estilo combativo e presença forte nas redes, que alguns classificam como performática.
Por enquanto, não há previsão de que o episódio vá gerar algum tipo de ação formal dentro da Câmara, mas bastidores políticos indicam que o clima entre os membros da comissão azedou de vez. A próxima reunião, prevista para semana que vem, deve acontecer sob forte vigilância da oposição — e com câmeras prontas, claro.
No fim das contas, esse caso mostra mais uma vez como o Congresso virou um palco não só de decisões políticas, mas também de guerra midiática. Os discursos deixaram de ser apenas para os colegas presentes: agora, são também — ou principalmente — para quem assiste do celular. E nesse novo jogo, três minutos valem muito mais do que parecem.