Mulher que cometeu racismo com funcionárias de pet shop é demitida de hospital

No último sábado, um caso grave de racismo chocou os frequentadores de uma loja Petz, situada na movimentada Avenida Luís Viana Filho, em Salvador. O episódio, que foi filmado e viralizou nas redes sociais, envolve a ex-gerente de operações do Hospital Mater Dei, Camilla Ferraz Barros, e três funcionárias da loja, que foram vítimas de ofensas raciais e ameaças. A repercussão levou a demissões e investigações policiais, reacendendo debates sobre o racismo estrutural no Brasil.

Tudo começou quando a cliente, visivelmente exaltada, discutiu com a gerente do estabelecimento. No calor da discussão, Barros lançou comentários racistas e mencionou o cargo que ocupava, tentando intimidar os presentes. Ela chegou a alegar ser juíza — uma afirmação que contribuiu para o tom de superioridade observado em suas falas. O ponto de maior tensão ocorreu quando ela tentou impedir que o incidente fosse filmado, mas o vídeo, já gravado, rapidamente ganhou as plataformas digitais.

As imagens mostram a agressora admitindo que estava fora de controle, mas, mesmo assim, continuando a agredir verbalmente as funcionárias. As vítimas formalizaram uma denúncia na Polícia Civil da Bahia, que prontamente abriu uma investigação para apurar os fatos. Segundo o boletim de ocorrência, além da gerente, duas outras colaboradoras foram alvo de insultos racistas.

Em sua defesa, Camilla Ferraz Barros afirmou que foi vítima de agressão física por parte de funcionários e segurança da loja. Ela também questionou a legalidade das filmagens feitas sem seu consentimento, um argumento comum em casos similares, mas que não anula o teor discriminatório registrado. A legislação brasileira, embora proteja o direito à imagem, reconhece a importância de registros que comprovem delitos como injúria racial.

A repercussão foi imediata e gerou consequências rápidas. O Hospital Mater Dei, onde Barros exercia uma posição de liderança, optou por desligá-la do cargo. A decisão da instituição foi vista como um reflexo de sua política de tolerância zero contra atos discriminatórios, um posicionamento cada vez mais frequente no ambiente corporativo. Empresas têm se mostrado mais ágeis ao aplicar medidas disciplinares quando funcionários são flagrados em condutas que contrariam princípios éticos e legais.

A rede Petz, por sua vez, emitiu um comunicado oficial expressando repúdio a qualquer manifestação de racismo e oferecendo total apoio às colaboradoras atingidas. A empresa reafirmou seu compromisso com a segurança de seus funcionários e garantiu assistência jurídica durante todo o processo. A postura da Petz foi elogiada por ativistas e especialistas em diversidade corporativa, que destacam a importância de ações concretas além das declarações públicas.

Enquanto isso, as investigações seguem em curso. A Polícia Civil conduzirá entrevistas com todas as partes envolvidas e analisará as provas para determinar as responsabilidades. O episódio evidencia, mais uma vez, a persistência do racismo no cotidiano brasileiro, mesmo em ambientes profissionais e de consumo onde se espera respeito mútuo.

A sociedade tem exigido respostas mais firmes de empresas e instituições diante de casos de preconceito racial. Além das punições legais, espera-se um reforço na educação e na promoção de políticas inclusivas. O caso Petz destaca a importância de atitudes imediatas e exemplares — tanto para coibir novos incidentes quanto para fomentar um ambiente onde a diversidade seja realmente respeitada e valorizada.

O racismo não é uma questão isolada de indivíduos, mas um problema estrutural que demanda ação conjunta. Enquanto histórias como essa continuarem a emergir, a reflexão sobre nossas próprias atitudes e preconceitos permanece urgente e necessária.