Nos bastidores de Brasília, a ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann, admitiu que os recentes tropeços do governo, como o caos envolvendo o Pix e a fraude no INSS, acabaram atrapalhando os planos de recuperação da imagem do presidente Lula. Numa entrevista à Folha de S.Paulo, Gleisi foi direta: esses escândalos acabaram ofuscando ações positivas do governo petista que deveriam estar em evidência.
Ela reconheceu também uma coisa que todo mundo no Planalto sabe mas poucos admitem em público: alguns partidos que hoje estão na base do governo devem pular a cerca em 2026, se juntando ao bloco de oposição. É o típico “tamo junto” só até a eleição chegar.
Apesar disso, Gleisi aposta que os 40% de aprovação de Lula ainda são suficientes pra virar o jogo. “Tenho certeza que o governo vai melhorar”, disse ela com aquele tom de otimismo que político costuma ter nessas horas. A ministra defendeu que o caminho pra essa virada passa por mostrar à população os feitos do governo — e avisou que Lula deve colocar o pé na estrada nos próximos meses. A ideia é conversar com o povo, cara a cara, longe das redes onde a oposição, segundo ela, domina o debate.
Aliás, Gleisi fez questão de pontuar que o problema da baixa aprovação não é só comunicação ruim, não. Ela foi honesta — até demais pro padrão político tradicional — e disse que há, sim, problemas reais que precisam ser corrigidos. “Tem que melhorar”, resumiu.
E quando o assunto foi a tal oposição, Gleisi não mediu palavras. Disse que o governo atual enfrenta uma oposição “militante”, que vem da extrema direita, e que atua em várias frentes ao mesmo tempo: nas ruas, nas redes sociais, no Congresso. “Eles disputam o tempo inteiro”, reclamou. E olha que ela nem citou nomes, mas ficou subentendido que o bolsonarismo ainda é um fantasma que ronda o Planalto.
Sobre o caso do INSS, que virou manchete nos últimos meses, Gleisi jogou a culpa no colo do governo anterior. Afirmou que o esquema de fraudes teria sido montado lá atrás, antes do atual governo assumir. E sobre a CPMI que foi criada pra investigar o caso, ela garantiu que o governo não tem medo. “É uma realidade”, disse, mas que não há problema nenhum em encarar isso de frente.
Pensando já em 2026, Gleisi disse que o governo precisa garantir uma base sólida no Congresso — afinal, sem isso, nenhum projeto vai pra frente. Quando perguntada se ela mesma vai se candidatar, desconversou um pouco, mas deixou a porta aberta: “Acho que eu teria que fazê-lo para ajudar a chapa e ajudar a bancada”.
O que dá pra perceber dessa entrevista toda é que o Planalto sabe que precisa correr atrás do prejuízo. Entre tropeços administrativos, ruídos na comunicação e o crescimento de uma oposição barulhenta, Lula vai ter que suar a camisa se quiser recuperar a confiança do eleitorado até as próximas eleições. E, pelo jeito, Gleisi vai estar do lado dele nessa missão — mesmo com alguns aliados já de olho em outras trincheiras.