Cientistas afirmam que encontraram arma secreta contra radiação

Uma bactéria chamada Deinococcus radiodurans, que ficou famosa com o apelido de “Conan, a Bactéria”, tem uma habilidade impressionante: ela consegue sobreviver a níveis de radiação 28.000 vezes mais altos do que o que mataria um ser humano! Mas o que faz essa bactéria ser tão resistente? A resposta está em um antioxidante que ela produz, e, agora, cientistas descobriram como esse antioxidante funciona. Essa descoberta pode ter grandes implicações para a saúde humana, não só na Terra, mas também para as futuras viagens espaciais.

O segredo da Deinococcus está em uma combinação de pequenas moléculas chamadas metabólitos. Essas moléculas incluem manganês, fosfato e um peptídeo, que é uma cadeia de aminoácidos. Juntos, esses componentes formam uma mistura que é mais eficaz contra radiação do que se usássemos só manganês combinado com um dos outros componentes. Essa descoberta foi publicada em um estudo recente, na última segunda-feira (9), na revista Proceedings of the National Academy of Sciences.

Os pesquisadores que fizeram essa descoberta acreditam que o antioxidante pode ser uma solução para proteger astronautas da radiação cósmica, um problema sério em missões espaciais de longa duração. A radiação no espaço é muito mais intensa do que na Terra, e a proteção contra ela é um dos maiores desafios para viagens interplanetárias. Esse antioxidante poderia ser usado para proteger a saúde dos astronautas em missões no espaço profundo, como as planejadas para Marte e além.

A Deinococcus radiodurans é conhecida por sua resistência extrema à radiação. Ela é tão resistente que, segundo registros, pode sobreviver fora da Estação Espacial Internacional por até três anos! Além de suportar radiação, essa bactéria também aguenta condições adversas como ácidos fortes, temperaturas extremamente baixas e até a falta de água. Esse é um dos motivos pelo qual ela é considerada a forma de vida mais resistente à radiação do mundo e entrou para o Guinness World Records.

Pesquisas anteriores já haviam mostrado que a Deinococcus poderia até sobreviver em Marte, caso seus micróbios estivessem congelados lá. Mas o estudo atual foi mais além, revelando exatamente como o antioxidante que ela produz ajuda a combater os efeitos da radiação. O manganês, combinado com fosfato, já se sabia que formava um bom antioxidante. Mas a adição de um terceiro componente, o peptídeo, faz a proteção se tornar ainda mais potente. Isso foi uma grande descoberta para os cientistas envolvidos.

O coautor do estudo, Brian Hoffman, professor da Universidade Northwestern, explicou que entender como essa combinação funciona foi um avanço importante. “Esse estudo nos deu a chave para entender por que essa combinação é tão eficaz e promissora”, disse ele.

No estudo mais recente, os pesquisadores usaram um antioxidante sintético chamado MDP (protetor derivado de melatonina), que foi inspirado na Deinococcus radiodurans. O MDP já está sendo usado em vacinas, especialmente aquelas que dependem da radiação para desativar patógenos, como a clamídia. Mas o que os cientistas fizeram de novo foi observar como o MDP protege células e proteínas da radiação. O manganês, o fosfato e o peptídeo juntos formam um “complexo triplo” que oferece uma proteção eficaz contra a radiação.

Essa descoberta abre portas para novas formas de proteger não só astronautas, mas também pessoas na Terra, em caso de acidentes que liberem radiação. Além disso, ela poderia ter aplicações em diversas áreas, como saúde, indústria e defesa.

O próximo passo dos cientistas é investigar se esse “molho secreto” da Deinococcus também existe em outras formas de vida, e, caso exista, se ele pode ser responsável pela resistência de outros organismos à radiação.

Em resumo, essa descoberta não é apenas uma curiosidade científica, mas algo que pode trazer benefícios reais para a medicina e para a exploração espacial no futuro. E quem diria que uma bactéria tão pequena poderia ter um papel tão grande na nossa compreensão do universo e na proteção da vida humana?