Quando o câncer de mama retornou pela segunda vez em 2020, a cientista croata Beata Halassy tomou uma decisão que mudaria não apenas sua vida, mas também o campo da oncologia. Decidiu usar em si mesma um tratamento experimental que vinha desenvolvendo. Contra todas as expectativas, funcionou. Hoje, Beata está livre do câncer e publicou um artigo científico detalhando sua experiência, reacendendo debates éticos e científicos sobre a prática de pesquisadores utilizarem o próprio corpo como sujeito de testes.
Casos assim, embora raros, não são inéditos na ciência. Um exemplo emblemático é o do médico australiano Barry Marshall, que revolucionou o tratamento da úlcera estomacal nos anos 1980. Marshall observou que pacientes com úlcera apresentavam a bactéria Helicobacter pylori no estômago e teorizou que ela seria a causa do problema. Como a comunidade científica se manteve cética, ele resolveu ingerir a bactéria, desenvolvendo os sintomas da doença. Mais tarde, curou-se ao usar antibióticos que eliminavam a bactéria, provando sua hipótese. Essa descoberta não apenas transformou o tratamento de úlceras, mas também rendeu a Marshall o Prêmio Nobel em 2005.