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O ator Ney Latorraca faleceu nesta quinta-feira (26), aos 80 anos, deixando viúvo o também ator, escritor e diretor Edi Botelho, com quem viveu uma relação de quase três décadas. O casal, discreto e longe dos holofotes, teve uma parceria marcada por amor e arte, compartilhando o palco em diversas produções memoráveis.

Um Relacionamento Repleto de Arte e Companheirismo

Ney e Edi mantiveram sua relação longe do público até 2022, quando Ney falou abertamente sobre o companheiro em entrevista ao jornal O Globo: “Vivo com uma pessoa maravilhosa, um grande companheiro, amigo e bom ator que é o Edi Botelho”.

A dupla brilhou junta em pelo menos cinco montagens teatrais, começando por Quartet, em 1996, dirigida por Gerald Thomas. A peça, uma adaptação experimental de Heiner Müller, tinha como cenário um açougue e explorava elementos viscerais, como sangue e carne. Ney e Edi interpretaram múltiplos papéis, mostrando a versatilidade de ambos.

Outros momentos marcantes da parceria foram O Martelo (1999), com direção de Aderbal Freire Filho, e Três Vezes Teatro (2000), onde Ney foi dirigido por Edi em uma montagem que revisitou grandes autores como Tchekhov, Pirandello e Cocteau. Em 2020, os dois estiveram no palco novamente em Capitanias Hereditárias, uma comédia de Miguel Falabella e Maria Carmem Barbosa, ao lado de grandes nomes como José Wilker e Natália do Vale.

Sua última colaboração foi em Entredentes, peça escrita por Gerald Thomas especialmente para Ney, consolidando a parceria profissional e pessoal entre os dois.

A Influência da Família

Ney nasceu em Santos, litoral paulista, em uma família que respirava arte. Sua mãe, Nena, era dançarina e assistente de palco em cassinos, onde trabalhou com grandes nomes, como Grande Otelo. Foi ela quem o incentivou a seguir a carreira artística, sendo uma figura central em sua vida. Seu humor e energia, características marcantes de Ney, eram um reflexo direto da mãe.

Já o pai, Alfredo, era crooner com um estilo intimista e temperamento forte. Ney costumava dizer que herdou do pai a sinceridade quase ferina e o jeito direto de lidar com as pessoas. Essa influência está registrada no livro Ney Latorraca: Uma Celebração, da Coleção Aplauso, onde o ator afirmou: “Meu pai tinha um gênio terrível, não fazia média com ninguém […] e muita coisa dele está em mim”.

A morte de Nena, em 1994, abalou profundamente Ney, que encontrou apoio no amigo Marco Nanini. Juntos, eles montaram espetáculos como O Mistério de Irma Vap e O Médico e o Monstro, este último sugerido por Nanini como uma forma de manter Ney conectado à vida após a perda da mãe.

Amores e Relações

Antes de sua relação com Edi Botelho, Ney foi casado com a atriz Inês Galvão por quatro anos. Apesar do término, o ator sempre demonstrou carinho por seus parceiros e pela maneira como o amor impactou sua vida.

Em sua parceria com Edi, Ney encontrou estabilidade e cumplicidade. Além de dividirem a vida pessoal, os dois eram colegas de cena e compartilhavam a paixão pelo teatro, uma das maiores alegrias do ator.

Um Legado Inesquecível

Ney Latorraca deixa um legado artístico incomparável, marcado por sua genialidade, humor e dedicação ao ofício. Ator de televisão, cinema e teatro, ele transcendeu gerações e se tornou referência no cenário cultural brasileiro.

Sua vida também é um exemplo de coragem e autenticidade, mostrando que o amor e a arte podem caminhar juntos. Sua relação com Edi Botelho, repleta de respeito e colaboração, é uma inspiração para muitos.

O Brasil se despede de Ney com tristeza, mas também com gratidão por tudo o que ele representou. Seu brilho continuará vivo nas memórias de seus fãs, amigos e familiares, e sua obra permanecerá como um tesouro para a cultura nacional.

Descanse em paz, Ney. O palco do céu recebe agora um de seus maiores astros.