Na quarta-feira, dia 8 de janeiro, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fez um discurso defendendo a democracia e, no meio de um momento improvisado, soltou uma frase polêmica. Ele falou que, na sua visão, maridos costumam amar mais as amantes do que suas próprias esposas. O comentário foi feito enquanto ele se referia a si mesmo como “um amante da democracia”, durante um evento no Palácio do Planalto. Esse evento marcava os dois anos do ataque golpista de 8 de janeiro, quando um grupo de vândalos invadiu e depredou as sedes dos três poderes da República.
A fala de Lula foi meio que um desabafo, em que ele disse: “Não sou nem marido, eu sou um amante da democracia. Porque, na maioria das vezes, os amantes são mais apaixonados pela amante do que pelas mulheres. Eu sou um amante da democracia.” Ele disse isso ali, bem pertinho da esposa, Janja da Silva, que estava presente no evento.
O presidente fez essa declaração de forma descontraída, mas não faltou quem comentasse sobre o tom de sua fala, que muitos consideraram sexista e machista. Quando jornalistas perguntaram ao futuro ministro da Secretaria de Comunicação, Sidônio Palmeira, se ele iria “puxar a orelha” de Lula pela frase polêmica, a resposta foi meio que evitando se envolver. Sidônio, que foi marqueteiro de Lula na eleição de 2022, explicou que ainda não havia assumido o cargo oficialmente e, por isso, preferia não comentar sobre o assunto naquele momento.
Ele afirmou que não iria opinar na questão, já que, como ainda não havia começado a trabalhar como ministro, preferia não entrar em polêmicas. Sidônio ainda destacou que Lula tem diversos atributos e características, inclusive quando se trata de sua forma de falar. “O presidente é o que é pelo jeito dele falar”, disse ele. Além disso, Sidônio explicou que o fato de Lula ter falado daquela maneira deveria ser analisado com mais calma e que o melhor seria deixar para o outro ministro, Paulo Pimenta, que estava à frente do assunto.
Apesar da justificativa de Sidônio de não se envolver, a fala de Lula gerou bastante repercussão nas redes sociais e entre os jornalistas. Algumas pessoas consideraram o comentário do presidente uma tentativa de ser engraçado, enquanto outras, como o pessoal mais atento à questão do machismo, acharam a frase inadequada e desrespeitosa. O fato de ter dito isso na frente de sua esposa também gerou especulação sobre a reação de Janja, que, até onde sabemos, manteve a compostura e não se pronunciou sobre o assunto até o momento.
Esse episódio fez lembrar que, mesmo no mundo político, em momentos informais, os líderes podem acabar dizendo coisas que podem ser mal interpretadas. O presidente, por ser uma figura muito visível, está sempre no centro das atenções, e qualquer declaração mais “solta” acaba gerando debate. Na política, onde as palavras têm um peso muito grande, até uma piada ou uma frase improvável como essa pode ser analisada sob várias óticas, dependendo do público e da situação.
Esse tipo de situação também levanta uma reflexão sobre o que é aceitável em discursos públicos e o quanto as figuras políticas devem ser responsáveis pelo que falam. Não é raro que líderes em todo o mundo se vejam envolvidos em controvérsias por declarações inesperadas. Neste caso, o comentário de Lula levantou discussões sobre o papel dos homens e mulheres na sociedade, mas também sobre como certos discursos podem ser considerados ultrapassados e até ofensivos.
Por mais que o presidente tenha tentado suavizar a situação com seu tom descontraído, a fala gerou ecos e deixou alguns questionamentos no ar. O certo é que, em um país tão dividido como o Brasil, qualquer palavra pode ganhar uma dimensão inesperada. E, pelo visto, a mídia e a sociedade irão continuar a analisar e discutir esses momentos, que sempre acabam gerando um bom debate.