Mensagem “semelhante à de um alienígena” é decifrada por estudiosos

Imagina que, um dia, os observatórios aqui da Terra recebem um sinal do espaço. O que seria necessário pra entender o que ele significa? A resposta não é simples, porque, se fosse de uma civilização extraterrestre, teríamos que fazer tudo sozinhos: descobrir o que está sendo comunicado e tentar interpretar a mensagem sem qualquer ajuda externa.

Esse cenário foi explorado por um projeto artístico do Instituto Seti, uma organização sem fins lucrativos em Mountain View, Califórnia, que busca sinais de vida fora da Terra. O projeto, que já está rolando há mais de um ano, simulou como seria receber e decifrar um sinal extraterrestre. E adivinha? Recentemente, uma dupla de cientistas cidadãos, pai e filha, conseguiu resolver esse mistério. Mas, mesmo assim, o que realmente significa a mensagem ainda é um enigma.

Em maio de 2023, uma nave da Agência Espacial Europeia, chamada ExoMars Trace Gas Orbiter, que estava em órbita de Marte, mandou um sinal de aparência bem estranha, que parecia ser de outro mundo. O sinal foi captado por três observatórios na Terra e seus dados foram colocados na internet, pra que cientistas amadores, ou “cientistas cidadãos”, pudessem tentar entender o que estava sendo enviado. Foi aí que Ken Chaffin e sua filha Keli entraram na jogada.

Os dois passaram quase um ano tentando decifrar esse código. Eles trabalharam muito, usando simulações e experimentos com cálculos e fórmulas matemáticas. No final de junho, conseguiram identificar o que estava na imagem que apareceu depois de toda a análise: a mensagem era composta por uma sequência de agrupamentos brancos sobre um fundo preto, que formavam cinco padrões diferentes. Esses padrões representavam aminoácidos, os blocos que formam a vida. No entanto, o que esses aminoácidos realmente significam, ninguém sabe ainda.

Ken e Keli não estavam sozinhos nessa tarefa. A ideia do projeto “A Sign in Space”, criado por Daniela de Paulis, artista do Seti, era simular como seria decifrar uma mensagem extraterrestre. E essa mensagem vinha de Marte, o que ajudava a facilitar a tarefa, já que o sinal de Marte é mais forte que um sinal que viria de distâncias mais longas, como do espaço profundo. Mas, mesmo assim, ainda não foi fácil.

Os dados, que estavam embaralhados junto com outras informações da nave, demoraram pra ser extraídos e visualizados. E foi aí que Ken teve uma ideia. Ele achou que o código poderia ter sido gerado por um “autômato celular”, uma espécie de algoritmo que cria padrões e movimentos de acordo com regras matemáticas. Ken, que já tinha experiência com esse tipo de simulação, foi capaz de rodar os cálculos e encontrar o que estava escondido nos dados.

O que eles viram foi uma imagem de aminoácidos, algo que Ken reconheceu logo de cara, pois ele lembrava das aulas de química da escola. E aí, a coisa ficou ainda mais interessante. Quando Keli, filha de Ken, viu a imagem pela primeira vez, ela começou a ter suas próprias ideias. Para ela, o padrão da imagem parecia mais com formas de vida biológicas, como um rato, uma estrela-do-mar ou até um elefante. “Talvez seja só nossa tendência de ver formas familiares onde não tem nada”, ela comentou, lembrando até um pouco os testes de Rorschach, aqueles que mostram manchas de tinta e pedem pra pessoa dizer o que vê.

O mais legal desse projeto é que os cientistas envolvidos mantiveram tudo em segredo. Ninguém sabia se a interpretação estava certa ou errada. A ideia era justamente simular o que aconteceria se a gente realmente recebesse uma mensagem de alienígenas: sem ninguém pra confirmar ou negar nossas descobertas. E isso, claro, deixou tudo ainda mais desafiador.

O projeto também serviu pra mostrar como seria difícil lidar com algo assim na vida real. A ideia de receber um sinal de outro planeta é empolgante, mas a interpretação do que está sendo enviado seria uma verdadeira jornada. E, por enquanto, os aminoácidos são o único resultado conhecido dessa mensagem, mas o significado por trás deles ainda é um grande mistério. Quem sabe o que vem por aí, né?