Márcia Sensitiva é criticada após falar que neto autista é ‘karma da mãe’

A sensitiva Márcia Fernandes, de 72 anos, gerou grande repercussão nas redes sociais após declarações polêmicas sobre autismo durante sua participação no podcast MaterniDelas. As falas, que envolveram tanto interpretações espirituais quanto referências ao “karma”, provocaram críticas de especialistas, influenciadores e familiares de pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA).

As declarações de Márcia Sensitiva

Durante a entrevista, Márcia fez referência ao neto, que é autista, afirmando que sua condição estaria ligada a questões espirituais. Segundo ela, o autismo do menino seria um “karma” da mãe. “Ele é karma da mãe. Não tem muito a ver com a família Fernandes, tem mais a ver com ela. Ela entendeu isso recentemente… É difícil”, declarou a médium.

Cláudia Raia, uma das apresentadoras do podcast, perguntou se o autismo poderia estar relacionado à espiritualidade. Márcia respondeu com uma visão pessoal: “A espiritualidade diz o seguinte, especialmente sobre os autistas: foram pessoas inteligentíssimas, com QI muito acima da média, tanto que são, mas abusaram do poder. Isso é interessantíssimo. Porque ele vem fora da casinha”, disse ela.

Ainda de acordo com a médium, essas almas seriam espíritos não evoluídos, que, em vidas passadas, teriam usado sua inteligência de forma prejudicial. “Fizeram coisas que não deviam para a humanidade. Aí eles vêm reclusos em si”, afirmou.

Márcia também revelou que teria recebido uma mensagem espiritual sobre o neto ainda durante a gestação dele. “Ouvi: ‘Você vai correr o mundo. Ele vai ter um atraso de um ano e meio ou dois. Mas ele vai falar’. Assim, no meu ouvido”, relatou.

Reações e críticas

As declarações de Márcia Sensitiva rapidamente viralizaram, gerando uma onda de indignação. Perfis dedicados à inclusão, como o Direito e Inclusão, repudiaram as falas. “Um completo absurdo! Falas como essa ferem demais. Nossos autistas não são karmas! Religião nenhuma deveria tentar justificar a condição de uma criança PCD”, publicou o perfil no Instagram.

Especialistas também se posicionaram contra os comentários. A psicopedagoga e especialista em TEA, Claudia Zirbes, classificou as declarações como capacitistas e reforçadoras de estereótipos prejudiciais. “A tal Márcia Sensitiva com falas tão capacitistas, tão reforçadoras de culpa materna, falando absurdos sobre as pessoas com autismo”, escreveu em seus Stories.

Claudia foi ainda mais enfática ao criticar as afirmações espirituais feitas por Márcia: “Independentemente da crença de qualquer um de nós, é uma afronta ao próprio espiritismo o que ela diz. Isso não deve estar em livro algum. Vozes da sua cabeça, do seu charlatanismo. É triste. É sobretudo triste.”

A escritora e influenciadora Carolina Valomim, que é autista, também se manifestou sobre o episódio, criticando Márcia e as apresentadoras do podcast. “Simplesmente três pessoas ignorantes abrindo suas bocas e falando m*rda. Não tem como levar piada a sério. Simples assim. Nem merece palco”, desabafou.

Capacitismo e estigmas no centro da discussão

As declarações de Márcia Fernandes trouxeram à tona um debate necessário sobre capacitismo e estigmatização de pessoas com deficiência. Para especialistas, associar o autismo a conceitos espirituais ou karmas reforça preconceitos e pode dificultar ainda mais o processo de inclusão.

Além disso, atribuir responsabilidades espirituais aos pais — especialmente às mães — em situações como essa alimenta uma narrativa de culpa que é desatualizada e danosa. Especialistas enfatizam que o autismo é uma condição neurológica complexa, com causas ainda em estudo, mas certamente sem ligação com “erros de vidas passadas”.

Um pedido por responsabilidade

O caso também gerou reflexões sobre o impacto de declarações públicas, especialmente de figuras influentes. Muitas pessoas cobraram maior responsabilidade tanto de Márcia quanto das apresentadoras do podcast, que não contestaram as falas polêmicas durante a entrevista.

No centro das críticas, está o pedido por uma comunicação mais cuidadosa, que respeite as experiências de pessoas com TEA e suas famílias, além de evitar a disseminação de informações que reforcem preconceitos.

Conclusão

As declarações de Márcia Sensitiva deixaram evidente a necessidade de um olhar mais empático e informado sobre o autismo. A polêmica reacendeu o debate sobre como figuras públicas devem abordar temas sensíveis e sobre a importância de combater estereótipos.

Enquanto as críticas seguem nas redes sociais, muitos esperam que episódios como esse sirvam de alerta para a construção de um diálogo mais respeitoso e inclusivo, tanto nos espaços de mídia quanto na sociedade como um todo.