Jovem de 17 anos tem sintomas de câncer confundidos com desidratação

A história de Noah Hanna, um jovem de 17 anos pertencente à comunidade indígena Navajo nos Estados Unidos, é um poderoso lembrete dos desafios do diagnóstico médico em condições raras. O adolescente começou a sentir fortes enxaquecas em meados do ano passado, mas seus sintomas foram inicialmente confundidos com sinais de desidratação. Só mais tarde veio a descoberta alarmante: Noah tinha um tumor cerebral raro e agressivo, identificado pela ciência apenas em 2022.

No início de agosto, Noah começou a apresentar náuseas e episódios de vômito persistente. Preocupada, sua família o levou ao hospital, onde ele recebeu apenas hidratação intravenosa e orientação para descansar. A princípio, parecia um caso comum, mas a persistência dos sintomas revelou outra realidade. Dias depois, os vômitos retornaram, agora acompanhados de visão dupla. Dessa vez, os médicos decidiram investigar mais a fundo e realizaram uma ressonância magnética. O exame trouxe uma revelação assustadora: havia um tumor do tamanho de uma bola de golfe alojado no lado direito do cérebro do jovem.

A urgência da situação levou a equipe médica a realizar uma cirurgia de emergência em menos de 48 horas após o diagnóstico. A intervenção imediata salvou a vida de Noah, mas era apenas o começo de uma longa batalha. Após a remoção do tumor, uma biópsia trouxe um nome quase desconhecido no mundo da medicina.

Um câncer recém-descrito

O tumor foi identificado como glioma de alto grau com características pleomórficas e pseudopapilares, um tipo de câncer cerebral descrito pela primeira vez em um estudo publicado na revista Acta Neuropathologica em 2022. Segundo a pesquisa, essa forma agressiva de câncer é provocada por mutações genéticas, incluindo a monossomia do cromossomo 13, uma alteração que desafia os métodos tradicionais de tratamento.

Embora o tumor de Noah tenha sido completamente removido durante a cirurgia, os médicos alertaram que a natureza desse câncer implica um alto risco de recorrência. Por isso, ele foi submetido a um regime intensivo de radioterapia e quimioterapia — uma abordagem incomum para casos de câncer cerebral, mas necessária devido à agressividade da doença.

Uma jornada de esperança

Apesar dos efeitos colaterais pesados das terapias, Noah tem mostrado sinais de melhora. Suas dores de cabeça desapareceram, e a visão, que havia sido prejudicada pela pressão do tumor, foi gradualmente restaurada conforme o inchaço cerebral diminuiu. O progresso lento, mas constante, tem sido um alívio para a família, que se mantém ao seu lado em todos os momentos.

Leona, a mãe de Noah, compartilhou momentos emocionantes da recuperação do filho em uma campanha de financiamento coletivo no GoFundMe para custear o tratamento contínuo. “Logo após a cirurgia, ele começou a falar comigo em navajo, como se quisesse garantir que suas memórias e sua identidade permaneciam intactas. Foi um momento de emoção profunda para todos nós”, relembrou.

Ela também destacou os avanços das radioterapias, desenvolvidas com técnicas modernas para preservar o tecido cerebral saudável. “Embora a recuperação seja lenta, estamos respeitando o ritmo dele e agradecidos por cada pequeno progresso”, afirmou Leona.

Apoio e futuro

A trajetória de Noah despertou apoio de muitas pessoas, com doações e mensagens de solidariedade chegando de diversas partes do país. Sua história não apenas ilumina a importância de diagnósticos precisos, mas também o impacto de inovações médicas no tratamento de doenças raras.

Enquanto a luta de Noah continua, sua resiliência e a força de sua família inspiram aqueles que acompanham sua jornada. Ele segue sendo um símbolo de coragem em meio à adversidade, e sua experiência reforça a importância de se investir em pesquisas sobre cânceres raros e tratamentos personalizados que salvam vidas.