Um caso bastante curioso foi conferido em um artigo e publicado posteriormente na The New England Journal of Medicine. O episódio chamou a atenção dos estudiosos muito em função de uma complicação que acarretou em complicações graves. Um homem, de 56 anos, acabou deixando a mesa de cirurgia com o coração cimentado. Exatamente isso, você não leu errado. Os cirurgiões aplicaram cimento cirúrgico e a substância instalou no coração do paciente.
Para a felicidade de todos, no final, o homem se recuperou completamente. Ainda assim, o caso levantou muitas questões e acabou por ser revisto. O homem deu entrada no hospital com uma fratura delicada da vértebra. Para corrigir o problema e restaurar a qualidade de vida do paciente, foi necessário cimentar a vértebra. A vértebra L5 do paciente, localizada logo acima do sacro, passou por um procedimento conhecido como cifoplastia. Para reparar uma vértebra fraturada, um tipo especial de cimento é injetado no osso – cimento médico de polimetacrilato. Isso possibilita que as vértebras retornem à sua altura original e diminuem a dor do paciente.

Toda cirurgia tem riscos
Caso alguma vez na vida você já precisou passar por alguma cirurgia, com certeza deve saber que os médicos devem te avisar sobre os riscos. Todo e qualquer procedimento cirúrgico há riscos, nenhum é 100% seguro. No caso da cifoplastia, por causa do uso de cimento, uma das possíveis complicações é o extravasamento do material. Infelizmente para este paciente em questão, ocorreu esse problema.
Cerca de cinco dias após o procedimento na coluna, o paciente começou a sentir dores no peito, subindo até a mandíbula e o ombro do lado direito do corpo. Depois de dois dias de dores intensas, o paciente decidiu retornar ao hospital. Lá, ele foi acompanhado por profissionais que solicitaram exames de imagem e identificaram um corpo estranho no coração, porém, os médicos ainda não tinham noção do que se tratava.
O paciente foi encaminhado às pressas para cirurgia e submetido a procedimento cardiotorácico de urgência. Foi quando os cirurgiões foram capazes de identificar a gravidade do problema.
O cimento médico se acumulou e solidificou em uma embolia de 10,1 centímetros (4 polegadas) de comprimento e 2 milímetros de diâmetro. O corpo estranho acabou furando o átrio direito, primeira câmara por onde o sangue venoso do restante do corpo chega ao coração, antes de seguir para o ventrículo direito e ser enviado aos pulmões para se livrar do gás carbônico e obter oxigênio. A embolia não parou por aí, passando pelo pericárdio – a bolsa que envolve o coração – e perfurando o pulmão direito.
Apesar de todos os danos provocado pelo cimento, o homem se encontra saudável após se submeter por uma cirurgia de emergência.