A angústia de familiares e amigos do fotógrafo Flávio de Castro Souza, desaparecido há mais de um mês em Paris, chegou ao fim. Seu corpo foi localizado no Rio Sena, em uma região distante da capital francesa, já próxima ao oceano, conforme informou sua mãe, Marta Maria, em uma publicação nas redes sociais. A notícia foi confirmada pelo Consulado do Brasil em Paris, após identificação por exame de DNA.
Uma despedida marcada pela dor e pelas incertezas
Flávio, natural de Candeias, Minas Gerais, tinha 36 anos, era solteiro e não tinha filhos. Ele desapareceu na noite de 26 de novembro, data em que deveria retornar ao Brasil no voo 8067 da Latam. Segundo mensagens enviadas a amigos e ao namorado francês, Alex Gautier, ele relatou ter sofrido uma queda no Rio Sena durante aquela madrugada.
Socorrido pelos bombeiros na Île aux Cygnes (Ilha dos Cisnes), Flávio foi levado a um hospital com sinais de hipotermia, resultado das temperaturas congelantes que marcavam Paris naquele período. Após receber alta, dirigiu-se à agência onde alugara um apartamento e solicitou a extensão da estadia. Em uma última mensagem pelo WhatsApp, informou que estava exausto e pretendia descansar. A partir daí, nunca mais deu notícias.
Câmeras e investigações revelam últimos momentos
A investigação sobre o desaparecimento trouxe informações importantes. Segundo Carolina Castro, prima do fotógrafo e advogada, imagens de câmeras de segurança no restaurante Les Ondes, no 16º distrito de Paris, mostraram que Flávio deixou seu celular propositalmente em um vaso de plantas. Em seguida, ele foi visto caminhando em direção a uma das margens do Sena, onde permaneceu por algum tempo, aparentemente sozinho e desorientado.
As câmeras de monitoramento registraram sua presença no local, mas em um giro de 360 graus do equipamento, ele não estava mais visível. Outras câmeras próximas foram analisadas, mas nenhuma registrou Flávio saindo da área.
Agora, com a localização do corpo, as autoridades francesas indicam que a causa provável da morte foi afogamento, descartando a hipótese de violência cometida por terceiros. Não está claro se Flávio caiu acidentalmente no rio ou se se jogou.
Reflexões sobre saúde mental
Rafael Basso, amigo e pesquisador que liderou as buscas por Flávio, fez um desabafo sobre o caso. Para ele, a história do fotógrafo suscita reflexões sobre saúde mental e a valorização da vida. “Vivemos tempos em que o cuidado com a saúde emocional foi banalizado. Terapia virou tendência, medicamentos são tratados com descaso e desafios emocionais são ridicularizados”, pontuou.
Basso também pediu empatia e evitou prejulgamentos sobre o que levou Flávio a seus últimos passos. “É necessário escutar o outro e respeitar o silêncio de quem sofre. Todos enfrentamos batalhas invisíveis.”
Embora Flávio demonstrasse entusiasmo em suas conversas recentes – especialmente ao falar de seu romance com Alex Gautier e da paixão por Paris, cidade que já havia visitado outras vezes –, Rafael sugeriu que ele vivia em um ambiente solitário e emocionalmente exaustivo.
Uma despedida cheia de amor
Marta Maria, mãe do fotógrafo, agradeceu as mensagens de apoio recebidas durante as semanas de buscas e pediu orações para que seu filho descanse em paz. “Flávio era uma pessoa especial, cheia de sonhos e apaixonado pela vida. Ele deixa saudades eternas”, escreveu em uma publicação.
Flávio era conhecido por seu talento, carisma e amor pela fotografia. Durante sua passagem por Paris, registrou momentos de felicidade ao lado de Alex e compartilhou seu encantamento com a cidade luz. Seus amigos, familiares e colegas o homenagearam nas redes sociais, destacando sua generosidade e a saudade que ele deixa.
Busque ajuda se precisar
O caso de Flávio reforça a importância de cuidar da saúde mental. Se você ou alguém próximo estiver enfrentando dificuldades emocionais, procure apoio. O CVV (Centro de Valorização da Vida) oferece atendimento gratuito pelo telefone 188, disponível 24 horas, com atendentes prontos para escutar sem julgamentos. Não hesite em buscar ajuda especializada com psicólogos ou psiquiatras para preservar seu bem-estar.
A despedida de Flávio deixa uma mensagem clara: a vida é delicada e preciosa, e precisamos cuidar uns dos outros com amor, empatia e respeito.