Barriga grande pode aumentar risco de infarto e AVC, alerta pesquisa

A relação entre o tamanho da barriga e a saúde cardiovascular tem ganhado cada vez mais atenção, especialmente diante de novos estudos que indicam um elo preocupante entre a circunferência abdominal elevada e o risco de infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Embora possa parecer um cuidado exagerado para muitos, as evidências científicas reforçam a importância de monitorar essa medida como um indicador de saúde.

Recentemente, a revista científica Journal of the American Heart Association (JAHA) publicou uma pesquisa realizada por especialistas da Nanjing Medical University, na China, que lança luz sobre o impacto da gordura abdominal no sistema cardiovascular. O estudo envolveu quase 10 mil participantes ao longo de uma década, trazendo dados reveladores que alertam para a necessidade de mudanças no estilo de vida e na forma como a obesidade abdominal é encarada.

O estudo: dados preocupantes sobre a gordura abdominal

Entre 2011 e 2016, os pesquisadores avaliaram as circunferências abdominais de 9.935 indivíduos sem histórico de doenças cardíacas. Durante o período de acompanhamento, entre 2017 e 2020, foram registrados 3.052 eventos cardiovasculares, incluindo 894 mortes.

Os resultados destacam uma conexão clara entre a obesidade abdominal e o risco de complicações graves. Em pessoas com mais de 45 anos, manter uma circunferência abdominal acima dos limites recomendados por seis anos consecutivos elevou as chances de infarto ou AVC em 61% a 163%. Esses números reforçam a necessidade de atenção a fatores como dieta, prática de exercícios físicos e controle do peso corporal.

Medidas recomendadas pela OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) estabelece limites para a circunferência abdominal, que serve como um alerta para possíveis problemas de saúde. Segundo o órgão, a medida ideal é de até 88 centímetros para mulheres e 102 centímetros para homens. Quando esses valores são ultrapassados, o risco de complicações cardiovasculares aumenta significativamente, mesmo que o índice de massa corporal (IMC) esteja dentro da faixa considerada normal.

Essas recomendações se tornam ainda mais relevantes diante do crescimento global dos índices de obesidade. Segundo dados divulgados recentemente pela OMS, cerca de 60% da população adulta no mundo apresenta algum grau de sobrepeso ou obesidade, um cenário que contribui diretamente para o aumento de casos de doenças cardíacas, diabetes e outros problemas de saúde associados ao acúmulo de gordura abdominal.

Por que a gordura abdominal é tão perigosa?

A gordura localizada no abdômen não é apenas um incômodo estético. Esse tipo de gordura, conhecida como gordura visceral, envolve órgãos vitais como o fígado, o pâncreas e os rins, interferindo diretamente no funcionamento dessas estruturas. Além disso, a gordura visceral libera substâncias inflamatórias que contribuem para o desenvolvimento de doenças cardiovasculares, resistência à insulina e até mesmo certos tipos de câncer.

Outro fator agravante é que a gordura abdominal está frequentemente associada a hábitos de vida pouco saudáveis, como sedentarismo, consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e níveis elevados de estresse. Juntos, esses fatores criam um ambiente propício para o desenvolvimento de doenças crônicas.

Como prevenir e reverter o quadro

A boa notícia é que é possível prevenir ou até mesmo reverter os danos causados pela obesidade abdominal com mudanças no estilo de vida. A prática regular de exercícios físicos, especialmente atividades aeróbicas, é uma das formas mais eficazes de reduzir a gordura visceral. Aliada a isso, uma alimentação equilibrada, rica em fibras, proteínas magras e gorduras saudáveis, também desempenha um papel fundamental no controle do peso e da circunferência abdominal.

Além disso, especialistas recomendam reduzir o consumo de açúcares e carboidratos refinados, que estão entre os principais responsáveis pelo acúmulo de gordura abdominal. O sono adequado e o gerenciamento do estresse também são componentes importantes de uma rotina saudável, já que o desequilíbrio hormonal causado pelo estresse pode contribuir para o ganho de peso na região abdominal.

O que os dados significam para o futuro

A pesquisa da Nanjing Medical University reforça a importância de repensar a saúde de forma preventiva. Medidas como monitorar a circunferência abdominal e adotar um estilo de vida saudável podem reduzir significativamente os riscos de infarto, AVC e outras doenças crônicas.

Com os avanços da ciência, fica claro que pequenos ajustes podem ter um impacto profundo na qualidade de vida. Mais do que um número na fita métrica, o cuidado com a circunferência abdominal representa uma atitude consciente em busca de saúde e longevidade. Afinal, quando se trata do coração, cada centímetro importa.