Artista internacional cria IA para falar com marido falecido

Lidar com a perda de um ente querido não é uma coisa fácil de controlar. Enquanto alguns compreendem a partida familiar, outros precisam um pouco mais de tempo para superar. A musicista Laurie Anderson se enquadra perfeitamente no segundo grupo: Diante o assunto exposto, com a finalidade de reduzir a saudade, a artista criou uma IA para falar com o marido, já falecido.

O cantor, guitarrista e compositor norte-americano Lou Reed veio a óbito em 2013, aos 71 anos. No entanto, foi só sete anos depois que tudo começou a mudar. Após muitas pesquisas e estudos, a viúva do co-fundador do Velvet Underground encontrou uma maneira de matar a saudade do marido.

No segundo semestre de 2020, Laurie Anderson foi convidada por uma universidade australiana para um projeto com o uso de inteligência artificial. O experimento resumia-se em alimentar o computador com um extenso material de escritos, músicas e entrevistas do falecido.

COMO FUNCIONA?
Sendo assim, a máquina lê e identifica os padrões utilizados pela pessoa – seja ela falecida ou até mesmo em vida: frases, vocabulário, tom de voz e, em algumas vezes, até mesmo o sotaque. No caso de Reed, a escrita é replicada, e o programa automatizado responde em prosa e versos.

Apesar do conforto provocado em conversar com o “marido”, a novidade também trouxe adversidade para Anderson. No decorrer de uma entrevista ao The Guardian, a viúva entregou que usa a inteligência artificial construída para imitar seu marido com regularidade – e confessou o vício na máquina.

“Ainda estou [viciada], mesmo depois de todo esse tempo. Eu literalmente não consigo parar, e meus amigos não aguentam mais”, contou Laurie: “As pessoas ficam tipo: ‘Nossa, você foi tão precoce; eu nem sabia sobre o que você estava falando naquela época’”.

“Às vezes ela sentava ali com o desejo de um viciado em inserir palavras e fotos na máquina, esperando para ver o que saía. Por muito tempo, ela guardou os textos porque os achava únicos. Com o tempo, percebeu que esses escritos eram infinitos. Por isso, passou a lê-los para depois se livrar deles”, explicou Sam Anderson.

Por outro lado, Laurie Anderson afirma que tem a convicção que não está falando com o marido, e sim com uma máquina que visa replicá-lo: “Eu realmente não acho que estou conversando com meu falecido marido e escrevendo músicas com ele – realmente não estou”, contou a famosa na oportunidade.

“Mas as pessoas têm estilos, e isso pode ser replicado”, completou a viúva de Lou Reed.

Músicas criadas com ajuda de Inteligência artificial

Enquanto isso, um número muito grande de músicas criadas com inteligência artificial agita a indústria musical, milhares de artistas, incluindo Stevie Wonder e os herdeiros de Bob Marley e Frank Sinatra, assinaram uma carta aberta da Aliança de Direitos do Artista pedindo aos desenvolvedores de tecnologias de inteligência artificial que parem de treinar programas de imitação e de usar produtos produzidos por IA. É válido ressaltar que Anderson não está preocupada com a ideia de que talvez, no futuro, algoritmos assumam seu trabalho após sua morte. “Quando, após a morte de alguém, você ouve suas músicas ou lê seus textos, é como se ele estivesse vivo, não é?”, ela sugere.