Nesta segunda-feira (30), um voo da companhia Jeju Air, que partiu do Aeroporto de Gimpo, em Seul, precisou retornar logo após a decolagem devido a uma falha no trem de pouso. A aeronave, um Boeing 737-800, conseguiu pousar em segurança, de acordo com informações divulgadas pela Yonhap, uma das principais agências de notícias da Coreia do Sul. As investigações iniciais apontam que o problema pode ter sido causado por uma colisão com pássaros, algo que não é incomum, mas que sempre desperta preocupação entre especialistas.
Esse incidente ocorre poucos dias após um acidente trágico envolvendo outra aeronave da Jeju Air no sábado (28). Nesse caso, o avião, também um Boeing 737-800, sofreu uma falha no trem de pouso durante a aproximação para pouso no Aeroporto Internacional de Muan. Sem conseguir baixar o equipamento, a tripulação foi obrigada a realizar um pouso de emergência, que terminou em desastre. Após sair da pista, o avião colidiu com um muro, resultando na morte de 179 pessoas, incluindo todos os passageiros. Apenas dois membros da tripulação sobreviveram, ambos em estado crítico.
Repercussões do acidente em Muan
O acidente de Muan já está sendo classificado como um dos piores da história recente da aviação sul-coreana. Desde 1997, quando um avião da Korean Air caiu em Guam, causando mais de 200 mortes, o país não enfrentava uma tragédia dessa magnitude. O impacto não é apenas emocional; ele coloca um foco urgente na segurança aérea local e na administração das companhias que operam no país.
Segundo o jornal britânico The Guardian, o Aeroporto de Muan é conhecido por registrar o maior número de colisões com aves na Coreia do Sul. Isso levanta questões sobre a infraestrutura aeroportuária e as medidas de prevenção adotadas pelas autoridades. Enquanto isso, a Jeju Air já está sendo alvo de intensas críticas, tanto da mídia quanto de especialistas, por conta da recorrência de problemas envolvendo sua frota.
A resposta das autoridades
Em resposta à tragédia e ao incidente desta segunda-feira, o presidente em exercício da Coreia do Sul, Choi Sang-mok, ordenou uma inspeção emergencial em todas as companhias aéreas do país. O objetivo é verificar possíveis falhas nos protocolos de segurança e identificar se há riscos que precisam ser eliminados com urgência.
Para muitos, a medida é vista como tardia, considerando que o setor aéreo da Coreia do Sul já vinha sendo alvo de críticas há anos. Recentemente, em um relatório divulgado pela Organização da Aviação Civil Internacional (ICAO), o país foi apontado como um dos que menos investiram em atualizações tecnológicas para monitoramento de riscos como colisões com aves e falhas mecânicas inesperadas.
Uma reflexão necessária sobre segurança aérea
A sucessão de episódios envolvendo a Jeju Air expõe uma realidade que vai além de um único operador. A aviação, embora considerada o meio de transporte mais seguro, depende de uma cadeia complexa de fatores: manutenção das aeronaves, treinamento de tripulantes, gerenciamento de aeroportos e, claro, a supervisão de autoridades reguladoras.
Casos como o de Muan relembram tragédias recentes, como o acidente da Ethiopian Airlines em 2019, que levou à suspensão global dos Boeing 737 MAX. Apesar de modelos diferentes, as semelhanças no impacto público e na busca por respostas mostram como a confiança no setor aéreo pode ser rapidamente abalada.
Impacto econômico e na imagem da Jeju Air
Além das perdas humanas, a Jeju Air enfrenta agora uma grave crise de imagem. A empresa, conhecida por operar voos econômicos para destinos populares, pode ver uma redução significativa em sua base de clientes. De acordo com analistas do setor, recuperar a confiança será um desafio, especialmente se os resultados das investigações apontarem negligência ou falhas evitáveis.
No entanto, crises como essa também podem servir de ponto de virada para a indústria. Após o acidente de 1997, a Korean Air implementou reformas rigorosas em sua operação, tornando-se um exemplo de transformação no setor. Talvez a Jeju Air e a aviação sul-coreana como um todo possam seguir um caminho semelhante.
Para as famílias das vítimas, nenhuma medida será suficiente para compensar as perdas. Mas é essencial que as autoridades e as empresas envolvidas se comprometam a aprender com esses erros, para que tragédias como essa não se repitam.